segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Da água para o vinho

Na semana do natal estive em um shopping center na cidade de Salvador-Ba, Brasil. Caminhava a procura de presentes para amigos e familiares. Muita gente, pessoas se esbarravam, corriam e gritavam sobre as promoções. Percebi um casal que discutia sobre o presente que deveria comprar. Em outro momento, uma criança gritava, coagindo a mãe para comprar o presente escolhido. Caos estabelecido, foi essa a impressão que tive. Resolvi sentar e observar ainda mais. Desta vez, o sentido da audição foi ampliado, escutei uma das músicas mais tocadas no final de ano, escrita por Ivan Lins. Diz uma parte da música: “Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”. Olhava as pessoas e escutava a música, pareciam estar hipnotizadas. Pouco dinheiro no bolso. E a saúde? Saúde apenas para ricos, quem pode comprá-la terá bastante. Quanta incoerência na semana que deveria prevalecer o amor altruísta.
A essência natalina foi esquecida. No dia vinte e quatro de dezembro, as famílias estarão reunidas, trocarão os presentes comprados, ou seja, todos deverão ganhar o presente. Mas devemos lembrar do aniversariante da noite, temos a obrigação de lembrar do presente de Jesus. Você, que lê esse texto, lembrou do presente de Jesus? O presente Dele não precisa ser comprado, pois não poderá ser algo material. O presente de Jesus tem que necessariamente ser feito. Fazê-lo dar muito trabalho, mas precisamos presentear o Mestre. Não podemos ir para um aniversário e esquecer o presente do aniversariante! Qual o melhor presente? Sua transformação, esse é o presente para Jesus. Esse Mestre transformou a água em vinho, representado a modificação para algo melhor (claro que seria bem melhor o suco de uva). Fazer nossa transformação para algo melhor é o presente para Jesus. Como diz Raul Seixas: “prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Metamorfose, estamos prontos? Estamos dispostos à transformação? Esse processo pode ser bastante demorado, mas devemos iniciar. Certamente Jesus perceberá a elaboração do seu presente e ficará bastante feliz quando o processo finalizar.
Para a transformação devemos buscar referências. Gosto muito de Madre Tereza de Calcutá. Mas existem muitos outros. Certa vez, um jornalista perguntou a Madre Tereza o que precisa mudar no mundo para que toda a miséria e abandono acabassem. Com toda humildade e sabedoria, marcas dessa Madre, ela respondeu: “Para que toda miséria e abandono do mundo acabem, para que todas as desgraças sejam eliminadas, apenas duas coisas precisam mudar: Eu e você!” Eis o presente de Jesus. Madre Tereza nos revela qual presente o Mestre gostaria de ganhar em seu aniversário. 
Com isso, devemos iniciar a elaboração desse presente. Como manual de instrução a seguir, sugiro a oração de São Francisco, pois nos direciona para a transformação. Após a leitura dessa prece, devemos partir para a prática, e colocar em ação tudo o que São Francisco nos solicita. Desta forma, estaremos presenteando Jesus e não iremos ao seu aniversário de mãos vazias.
Transformação da água em vinho

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Pendurada pela Raiz

Certa vez presenciei uma cena muito encantadora. Caminhado pela rua vi uma árvore muito bonita, sua copa bastante robusta e raízes muito longas, talvez a procura de nutrição. Isolada, sem nenhuma outra por perto. Suas folhas pareciam brilhar, refletindo sua saúde e bem estar. Forçando o olhar era possível visualizar até mesmo seus frutos. No entanto, não é essa a imagem interessante que marcou minha memória, mas a forma como essa árvore estava vivendo.  Talvez suas sementes tenham sido levadas por pássaros, insetos ou até mesmo pelos ventos. O fato é que aquela planta cresceu pendurado no viaduto. Poucos dão atenção a ela, apesar do exemplo de força, coragem e determinação que pode nos ensinar.
Imaginem quantos empecilhos ela teve que vencer. Conseguir alimento, segurança, sustentação... São apenas alguns listados, mas certamente existem outros que não conseguimos pensar. Tentar se colocar no lugar daquela planta é quase impossível. Mas podemos usar nossa imaginação.
Como estamos desenvolvendo nosso potencial? A coitada da árvore, mesmo pendurada consegue os elementos essenciais para sua nutrição! Precisou vencer a resistência do concreto para sustentar sua vida. Quantos de nós temos essa força? Diante das dificuldades logo perdemos a paciência. Esquecemos que ao desenvolver a paciência, futuramente colheremos os frutos, e conseguiremos sustentar nossas vidas e até mesmo as de outras pessoas. Força, essa é a palavra-chave! Qual o segredo para essa planta conseguir tamanha força? Simplesmente através do sol. Essa árvore elabora, pelo processo da fotossíntese, a energia necessária para a sua sobrevivência. Não, não realizamos fotossíntese como os vegetais, mas podemos conseguir a força. Energizamos nossas potencialidades reprimidas ao deixar o corpo exposto ao sol, de preferência pela manhã ou ao final da tarde, horário em que podemos suportar a potente energia dessa bola de fogo. Quando foi a última vez que aproveitou o sol nesses horários? Será que não estamos vivendo confinados sem contemplar o sol? A energia solar transcende os dogmas científicos! Quando entramos em contato com as forças desse Astro, ampliamos nossa percepção, e abrimos o canal para influências positivas. Sergio Brito, cantor e compositor da banda Titãs diz “Enquanto houver sol, ainda haverá...”  Haverá vida. Mesmo pendurada pronta para despencar, encontra no sol os elementos essenciais para promover o sustento das suas dificuldades favorecendo seu crescimento e desenvolvimento.
A sabedoria oriental nos ensina “Volta teu rosto sempre na direção do sol, e então, as sombras ficarão para trás.” Vamos seguir esse sábio ensinamento. Diante das dificuldades, lembra-se dessa planta. Apesar de todos os problemas enfrentados para sua sobrevivência encontrou no sol a força e a energia vital para encará-los e sustentar sua vida, mesmo que pendurada pela raiz. Portanto, prefiro seguir o conselho de Antônio Nastácia, compositor da música O sol, quando diz: “E se quer saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, e pra lá que eu vou”.

Árvore localizada no viaduto da Avenida Ogunjá. Salvador, Bahia, Brasil. Foto: Gustavo Rodrigues